quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Estamira

Estamira é um documentário que fala sobre uma senhora cuja vida foi muito sofrida, ela vive no lixão e convive com seus pensamentos, por muitos é tachada como louca, porem de uma lucidez incrível. Este é um documentário muito interessante para quem quiser observar a capacidade de adaptação do ser humano. Assisti-lo fez me refletir sobre como a loucura pode nos ser coerente, por mais absurdo que pareça em um primeiro momento, a priori humana nos induz a termos um raciocínio dualista, e a loucura passa a ser coerente no momento em que não é definido como errado.


Vigotski explica que o mundo social no qual vivemos possui vários significados que são universais, mas atribuímos diferentes sentidos a esses mesmos significados singularmente. Portanto mesmo que esses significados sejam universais, seus sentidos são os mais variados possíveis, tendo em vista que somos seres emocionais e ao mesmo tempo racionais. Nossa bagagem emocional nos refere algo pessoal que é construída sócio-historicamente, esse paradoxo esclarece alguns motivos pelos quais damos mais valor a um determinado objeto por exemplo, em detrimento a outra pessoa de um mesmo contexto social. 

Há uma forte crítica no documentário que me deixou ensimesmado, desde que nascemos nos ensinam a achar que o mar é bonito sem que possamos dizê-los por nós mesmos. A Estamira personagem principal do documentário apropriou-se de uma realidade que não faz mais parte de uma convenção social na medida em que sua vida a privou de recursos para um contexto social normativo, isso fez com que ela escandaliza-se os sentidos que para ela eram objetivados. Chego a pensar que talvez se fosse privado de recursos, minha realidade seria outra, somos seres sociais e nos humanizamos na apropriação do ato de se sociabilizar, uma vez que falte métodos para organização do pensamento, me abstrairia de uma convenção social atribuindo diferentes sentidos para tornar uma loucura coerente.

A Idiossincrasia de uma região, por exemplo, ilustra bem essa relação social e ao mesmo tempo cognitiva de um indivíduo com um discurso socializado. Esse discurso, uma vez internalizado dá lugar ao discurso interno, ou pensamento, com a função de planejar ações e distinguir o certo do errado. A linguagem a ele atribuída, ao mesmo tempo em que expressa o pensamento e o organiza; nos faz elaborar os processos psicológicos mais superiores. Enfim, Estamira é um daqueles documentários que nos faz pensar na vida, assistam! Pois há muito que se ver...

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Toda Psicologia é Psicologia Social?


          Alguns estudioso afirmam que toda psicologia é social porque partem de um pressuposto de que o desenvolvimento da inteligência acontece no relacionamento social dos indivíduos, Piaget afirmou que o processo de aprendizagem do indivíduos é também um processo de humanização . Eu penso que é na construção do conhecimento que o indivíduo cria bases para sustentar e construir sua estrutura psíquica, lapidando seus traços de personalidade , racíocinio e comportamento.


           O contato inter-pessoal de um indivíduo com o outro é social, e esse por sua vez contribui de maneira incisiva para que esse individuo elabore esquemas cognitivos e comportamentais para determinadas situações. Esse processo de aprendizagem servirá de embasamento para resolução de futuras situações das quais, apresentam traços similares a uma determinada situação já aprendida.

        A exposição desse indivíduo com o ambiente e aquilo que faz parte dele despertam processos psicológicos básicos que são inatos no indivíduo para a construção da concepção sócio histórica da ciência psicologia e seus conceitos. Tendo em vista que o processo de socialização dos indivíduos também é uma construção cultural, o mesmo se delineará no contato social do ambiente onde vive.